O HOMEM DO FMI


Qual embaixador do sistema financeiro, o homem ia vociferando contra o Governo de Lisboa e pedindo que o FMI entrasse em Portugal.

Era a favor da entrada do FMI, mas era contra as medidas de austeridade. Insanável contradição. Era contra que se avançasse com medidas de austeridade em Lisboa, mas aqui na Madeira era o primeiro a impô-las aos outros. Era contra as medidas de austeridade decididas em Lisboa, mas queria que fossem aplicadas nos Açores. Foi assim durante os últimos 2 meses. Este discurso e esta prática do Presidente do Governo da Madeira tem uma realidade escondida. A Madeira tem um orçamento superior ao dos Açores, mas também, fruto da irresponsabilidade eleiçoeira, tem uma dívida superior à dos Açores, que não nos permite qualquer folga para enfrentar a crise, cuja responsabilidade é sua. Daí o discurso ziguezagueante, contraditório e cambalhoteiro.

Lá dizia ele que o FMI não se preocupava só com o saneamento das contas públicas mas tinha medidas para a economia. Uma mentira pegada. O FMI vem para impor uma agenda financeira que irá empurrar-nos para as dificuldades e para a recessão. Cortes na massa salarial dos funcionários públicos e nos direitos sociais, baixa da procura interna, deixa o caminho aberto para uma recessão e para a diminuição do poder de compra.

A Madeira está de facto na bancarrota. Basta ver os relatórios do Tribunal de Contas, os compromissos assumidos e não pagos, a dívida directa e indirecta, para ficarmos com a percepção que há uma ruptura de tesouraria nas contas do Governo PSD da Madeira.

A estratégia de Jardim é clara para todos. Aquele que tendo responsabilidades de governação na Madeira e que hoje não tem um tostão para pagar os desvarios dos últimos anos, vê no FMI a sua salvação, ou seja, com a entrada do FMI, as medidas serão impostas e a culpa não é dele. A estratégia de sempre. Irá culpar os outros pelas suas más decisões políticas, fugindo assim às suas responsabilidades.

O homem do FMI vê na vinda desta instituição a sua salvação política, o argumento que lhe falta, porque não irá pagar os custos políticos do desvario financeiro em que colocou a Madeira, mesmo que para isso todos nós tenhamos que pagar uma factura bem alta pela sua irresponsabilidade política. in Diário de Notícias 11/04/2011

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