Banir a palavra medo


De um momento para outro, toda a Madeira ganhou novas cores, novos protagonistas, novas políticas, novas atitudes e novas formar do exercício de responsabilidades públicas. Foi a vontade dos cidadãos que no passado dia 29 de Setembro coloriu a Madeira de forma politicamente multifacetada. A Madeira deixou de ter uma única cor. Do Funchal ao Porto Moniz seguindo pelo leste da Madeira, dando um salto ao Porto Santo e, penetrando pelo norte, a Mudança fez o seu caminho. A Mudança nasceu já era noite. Com o encerramento das urnas, com os votos contados. Os jornalistas levaram a boa-nova junto daqueles que haviam feito a Mudança, os cidadãos.
Numa terra que ou longo dos anos foi criada numa cultura de violência política, de separação entre poder e oposições, na lógica do “cheiro a pólvora”, criou um clima de intolerância política que urge por cobro. Este “clima” cultural, criado artificialmente teve como objetivo claro afastar os cidadãos da participação política, a manutenção do poder a todo o custo e a qualquer preço, lançando um clima de medo. A lógica do preto e branco e do “estas do meu lado, senão estás contra mim”, terá de desaparecer. A radicalização política afunila a democracia e não resolve nenhum problema.
Há muito caminho pela frente. A cultura instituída da intolerância não desaparece num ápice. A marca do medo e da intolerância política, continua gravada no coletivo inconsciente de muitos. É necessário um trabalho de diálogo com a Sociedade e com os partidos, porque só assim vamos ter uma sociedade adulta, desempoeirada e sem complexos no engrandecimento da participação cívica e dando outra dimensão à democracia. Há muitas estradas para percorrer até que desapareça da nossa consciência coletiva a palavra medo.
“Assim são os tiranos: quanto mais eles roubam, saqueiam, exigem, quanto mais arruínam e destroem, quanto mais se lhes der e mais serviços se lhes prestarem, mais eles se fortalecem e se robustecem até aniquilarem e destruírem tudo. Se nada se lhes der, se não se lhe obedecer, eles, sem ser preciso luta ou combate, acabarão por ficar nus, pobres e sem nada; da mesma forma que a raiz, sem humidade e alimento, se torna ramo seco e morto”. La Boétie, Discurso sobre a servidão voluntária.

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