EMPATE TÉCNICO NAS SONDAGENS


Renascença/SIC/Expresso
Sondagem: Rangel diz que empate técnico mostra que há todas as condições para vencer
22.05.2009 - 12h29 Romana Borja-Santos, Filomena Fontes
A um dia da inauguração oficial da campanha e a 15 das eleições europeias, o PS surge apenas 2,2 por cento à frente do PSD, o que coloca os dois maiores partidos numa situação de empate técnico. Contudo, em reacção ao estudo de opinião da Renascença, SIC e Expresso, os partidos ouvidos pelo PÚBLICO centram a sua preocupação na abstenção, capaz de dar uma reviravolta aos resultados.

De acordo com a sondagem, se as eleições fossem hoje, o PS conquistaria 34,3 por cento dos votos, o que equivale oito ou nove eurodeputados - uma perda de três a quatro lugares no Parlamento Europeu. Segue-se o PSD com 32,1 por cento das intenções de voto (oito lugares), o que equivale a mais um assento parlamentar. A abstenção situa-se nos 22 por cento.

Paulo Rangel, que encabeça a lista do PSD, começa por ressalvar que os resultados das sondagens devem ser relativizados, mas também diz que aqueles indicadores “estão em linha” com a convicção que o partido vem sedimentando. “O PSD tem todas as condições para ganhar as eleições. É uma batalha difícil, mas está ao nosso alcance”, afiança.

Contudo, o estudo hoje divulgado revela um mau desempenho dos sociais-democratas no eleitorado com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos, onde perdem para o PS por uma margem de 8,8 por cento. Ao contrário do que acontece com os eleitores com ais de 60 anos, que o PSD segura. A estes indicadores, Paulo Rangel contrapõe a “experiência” das duas últimas semanas de pré-campanha que o levam a concluir em sentido diverso quanto à intenção do voto jovem. “Noto uma grande adesão juvenil, o que desmente de alguma maneira esses indicadores. Não acho que haja uma diferença tão grande”, estima, destacando o esforço que a JSD, com uma campanha própria, está a desenvolver.

“Não está em causa o Governo”, avisa PS

O porta-voz do PS, Vitalino Canas, também chama a atenção para a falibilidade das sondagens - em especial no caso das europeias que é “uma eleição atípica com grande abstenção”, mas mostra-se satisfeito com estes resultados que dariam a vitória do seu partido. “Estou muito convencido que depois da campanha que começa amanhã muitas mais pessoas votarão em nós, porque hoje em dia as temáticas europeias já não são alheias aos portugueses”. Depois, o socialista fez questão de esclarecer que no caso do escrutínio para o Parlamento Europeu “não está em causa o Governo nem a governabilidade”, pelo que a maioria absoluta não é uma necessidade como nas legislativas.

Sobre a possibilidade de os portugueses “castigarem” o executivo de José Sócrates no dia 7 de Junho, Vitalino Canas sublinhou: “Há partidos que procuram combater o Governo através desta eleição, mas as pessoas são capazes de separar as coisas”. Ainda assim, admite que na situação difícil em que o país se encontra, em especial por causa da crise internacional, os partidos mais pequenos conquistem alguns eleitores. “Mas o que importa é a situação de vitória em que [a sondagem] nos coloca, sempre a merecermos a preferência maioritária”, acrescentou.

O cabeça-de-lista do PS, Vital Moreira, citado pela Lusa, disse hoje que está satisfeito por todas as sondagens darem a vitória ao PS, mas afirma que a "a sondagem que conta" é a do dia 7 de Junho. À margem de uma visita ao Mercado Municipal de Portimão no âmbito da campanha para as "Europeias 2009", Vital Moreira esclareceu que não havia empate técnico, mas sim uma vitória do PS por 2,2 por cento".

O candidato do PS recorda que nas sondagens que têm vindo a público, nenhuma deixou de dar vitória aos socialistas. "Houve sondagens que no início deram um resultado, houve outras que deram um resultado maior, portanto até agora nenhuma deixou de nos dar à frente", referiu, acrescentando que "esse era o ponto essencial".

PCP e BE temem abstenção, CDS desvaloriza

A terceira força política é o Bloco de Esquerda (10,1 por cento), que continua a subir nas intenções de voto, podendo dobrar o resultado conseguido há quatro anos, quando conquistou apenas um lugar em Bruxelas. A CDU surge neste barómetro com 8,9 por cento dos votos, o que se traduz na manutenção dos dois lugares conseguidos nas últimas eleições.

O cabeça-de-lista do BE, Miguel Portas, considera que os dados confirmam “uma tendência geral de resultados animadores” para o seu partido, que atribui ao agrado com as propostas bloquistas, mas também ao descontentamento com o Governo. “As pessoas não querem mais do mesmo”, disse. Mas, ainda assim, recordou que “as sondagens não votam a não ser no momento em que são feitas”, pelo que tudo pode mudar, em especial tendo em conta a grande abstenção que costuma haver.

No que diz respeito ao empate técnico entre PS e PSD, o candidato não quer fazer grandes leituras, mas admite que o resultado possa ter sido influenciado pela atitude dos líderes dos partidos: “José Sócrates fez uma opção que foi a de se introduzir claramente na campanha. Já Paulo Rangel tem feito tudo para evitar a presença de [Manuela] Ferreira Leite”.

A número um da CDU ao Parlamento Europeu, Ilda Figueiredo, defende também que “a verdadeira e única votação que conta é a da eleição de 7 de Junho”, dia em que teme que a abstenção se imponha. Por isso, até lá promete “um grande combate para esclarecer as pessoas sobre a alternativa para as injustiças sociais”. E deixa uma crítica: “Somos os únicos coerentes, permanentes e persistentes no nosso trabalho do Parlamento Europeu”.

Apesar de tudo acredita num “bom resultado”, isto é, “mais votos e mais lugares”, defendendo que a população está descontente com o Governo, acima de tudo por causa das “injustiças do desemprego”, que cresce todos os dias. “É urgente uma nova política, pelo que é preciso que os portugueses levem o seu protesto às ruas”, afirmou.

Em último lugar encontra-se o CDS-PP (6,9 por cento), que conquistaria apenas um ou dois lugares. “A sondagem do CDS está nas urnas”, decreta Nuno Melo, que lidera a lista, considerando mesmo “um exercício penoso” comentar sondagens que dão “uma variação da ordem cinco por cento” para um partido que tem, em média, entre 7,5 a 8 por cento nas eleições.

“O ideal seria que as empresas de sondagens chegassem a um acordo entre elas sobre a média a atribuir ao CDS”, atira. Por outro lado, a verificarem-se estes resultados significaria que “o país votava ao centro, votava mais no mesmo”. E nisso não acredita: “Quem acha que se joga tudo ao centrão, vai ter uma surpresa. O país quer uma mudança”, vaticina Nuno Melo.

Ficha técnica

O estudo feito pela Eurosondagem foi realizado junto de 2048 pessoas, entre 17 e 20 de Maio, por telefone. Teve como universo a população com mais de 18 anos, residente em lares com telefone da rede fixa em Portugal Continental.

Os entrevistados foram distribuídos aleatoriamente no que diz respeito ao sexo e à idade, verificando-se que 21 por cento estava na faixa etária entre 18 e 30 anos, 54 entre os 31 e os 59 anos e 25 por cento tinha 60 anos ou mais.

Quanto a zonas, 20 por cento dos inquiridos eram da Região Norte, 14 da Área Metropolitana do Porto, 27 da de Lisboa, 29 da Região Centro e dez por cento da Região Sul. O erro máximo da amostra é de 2,17 por cento para um grau de probabilidade de 95.

Notícia actualizada às 13h46

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