Data: 19-07-2009
Perspectiva-se nova malha social-democrata na Região. Se as eleições para a Assembleia da República se realizassem hoje, o PSD vencia na Madeira e aplicaria a previsível e tão falada goleada eleitoral (ver destaque). Uma vitória por margem confortável, mantendo a fragmentada oposição à distância, margem que, em termos de projecção, é superior a quase 40 pontos percentuais quando comparada com os valores obtidos pelo PS. O estudo de opinião encomendado pelo DIÁRIO e pela TSF-Madeira à Eurosondagem, realizado na semana passada, mostra que os sucessivos anos de poder não desgastam o PSD, partido que se prepara para obter mais uma maioria absoluta na Região, mesmo que queira transformar as próximas Legislativas num referendo constitucional. Quando confrontados com a questão "Se fossem hoje as eleições para a Assembleia da República (legislativas) em que partido ou coligação vai votar?", 45,1% dos inquiridos garantiram votar no PSD, 12,9% no PS, 6% no BE, 5,6% na CDU e 5,5% no CDS/PP. PND e MPT alcançam praticamente o mesmo valor residual (1,1% e 1%). Mulheres castigam PSQuase 20% não sabiam ou não responderam à questão o que, partindo do pressuposto que se abstêm no sufrágio marcado para 27 de Setembro, permitem que na projecção efectuada o PSD atinja valores próximos dos 56%, bem melhores do que os alcançados em 2002, quando os social-democratas regressavam ao Governo. Por seu lado, o PS confirma a curva descendente, iniciada com os 15,4% obtidos nas 'Regionais' antecipadas de 2007 e agravada nas últimas 'Europeias', quando chegou aos 14,69%. Na projecção que publicamos hoje, o PS já vale menos do que toda a outra oposição junta e tem os partidos à sua esquerda a 1,5% de distância. Sintomático. De modo geral, os inquiridos do sexo masculino garantem melhores percentagens aos partidos. Mas há excepções: PND e MPT têm melhores resultados junto do eleitorado feminino. Mulheres que são as mais indecisas quando confrontadas com a pergunta da sondagem, e que são também severas para o PS, partido que só conquista 9% das preferências. CDS e BE podem queixar-se igualmente do distanciamento feminino com valores 50% inferiores aos dos homens. Na CDU, fazendo jus à 'doutrina', há uma igualdade nas intenções de voto. No desdobramento da sondagem por concelhos constata-se que o Funchal garante as melhores votações ao PS, CDS, PND e MPT. PSD e curiosamente a CDU têm melhores resultados no resto da ilha, enquanto o BE tem valores iguais em toda a Região. CuriosidadesNas legislativas nacionais disputadas a 20 de Fevereiro de 2005, PSD e PS empataram em número de mandatos: três para cada lado, fruto dos 45,24% conseguidos pelo PSD e pelos 34,98% alcançados pelo PS. Há quatro anos, o CDS foi a terceira força na Madeira com 6,56% do eleitorado. O BE, com 3,75%, esteve melhor do que a CDU, com 3,55%. Votaram 140.421 eleitores ou seja 60,83% dos inscritos. n Tal como acontece este ano, 2005 também foi ano de autárquicas. A 9 de Outubro foram às urnas 140.361 eleitores, novamente quase 61% dos inscritos. Uma igualdade que contudo viria a gerar resultados diferentes. Em sete meses o PS perdeu gás, passando a valer 27,81% e o PSD retomou valores habituais, chegando aos 54,25%. O CDS voltou a ser terceira força, enquanto que a CDU ganhava ascendente sobre o Bloco. Em Abril passado, quando confrontados com a pergunta 'Se fossem hoje as eleições autárquicas (para a Câmara Municipal do Funchal), e independentemente dos candidatos, qual seria o seu voto?', 46,6% dos inquiridos garantiram escolher o PSD, 19,8% o PS, 4,9% o CDS/PP, 4,1% a CDU, 3,7% o BE, 2,8% o PND e 2% o MPT. Três meses passados no mesmo concelho e quando questionados sobre em que partido votarão nas Legislativas, os valores diferem pouco. O PSD baixa para 43,6%, o PS para 14,1%. Em alta estão o BE e a CDS/PP com 6% cada. A CDU sobe para 4,7%, enquanto o PND desce para 2,3%. O MPT mantém os 2%. PSD-5 PS-1Um cálculo baseado na projecção da Eurosondagem, aplicada ao número de eleitores que foram às urnas na Região nas últimas legislativas nacionais (140.421) e seguindo as regras do método de representação proporcional de Hondt, conclui que o PSD chegaria agora aos 78.354 votos, o quanto baste para desfazer o empate a três mandatos registado há quatro anos, elevando para 5 o número de deputados a colocar na Assembleia da República. O PS, em queda, ficaria com 22.467 votos e elegeria apenas um parlamentar. Assim, uma vez que o cabeça de lista do PSD não vai ocupar o lugar no parlamento nacional, há vagas garantidas para Guilherme Silva, Vânia Jesus, Correia de Jesus, Hugo Velosa e Maria João Monte. No PS, só há lugar para Bernardo Trindade. A menos que os socialistas voltem a formar governo e o madeirense continue no executivo, Luís Miguel França fica à espera da rotatividade, se é que foi negociada.
NOTA - Exercício meramente matemático, presumindo que os inquiridos que responderam "NS/NR" se abstêm.
Ficha Técnica - Este estudo de opinião foi efectuado pela Eurosondagem, SA, entre 14 e 16 de Julho de 2009, através de entrevistas telefónicas realizadas entre as 19 e as 22 horas.
O universo estudado foi a população com 18 anos ou mais, residente da RAM e habitando em lares com telefone da rede fixa. Foram efectuadas 897 tentativas de entrevistas e destas 186 (20,6%) recusaram colaborar no estudo. Foram validadas 712 entrevistas. A amostra foi estratificada pelo concelho do Funchal (41,9%) e outros concelhos (58,1%). A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas, e o entrevistado, em cada agregado familiar, foi o elemento que fez anos há menos tempo. Assim, em termos de sexo responderam 52,8% mulheres e 47,2% homens, enquanto que no que concerne à idade 23,6% dos 18 aos 30 anos, 51,7% dos 31 aos 59 e 24,7% com 60 anos ou mais. O erro máximo da amostra é de 4,30%, para um grau de probabilidade de 95,0%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
Ricardo Miguel Oliveira in Diário de Notícias da Madeira
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