PS indignado com "ataques pessoais" de Luís Filipe Menezes no congresso do PSD/Madeira
07 de Abril de 2008, 18:08
Lisboa, 07 Abr (Lusa) - O dirigente socialista Augusto Santos Silva acusou hoje o presidente social-democrata, Luís Filipe Menezes, de ter feito no congresso do PSD/Madeira "ataques pessoais inqualificáveis" e de liderar um partido "troca-tintas".
Falando no final da reunião do Secretariado Nacional do PS, Augusto Santos Silva recusou-se no entanto a identificar quem tinha sido objecto de "ataques pessoais" por parte do líder do PSD.
Em conferência de imprensa, Santos Silva acusou o líder do PSD de "tentar disfarçar a sua falta de coerência e de credibilidade política com ataques pessoais, que, do ponto de vista do PS, são inaceitáveis e inqualificáveis".
Depois, questionado sobre o visado pelos alegados ataques pessoais de Luís Filipe Menezes, o ministro dos Assuntos Parlamentares deu a seguinte resposta:
"Há uma diferença de limiar em que nós [PS] situamos a actividade política - e não me peçam que saia do limiar da actividade política em que gosto de me situar. Entendemos que o debate democrático é fundamental, que esse debate deve ser vivo e combativo, duro e frontal, mas esse debate deve ser entre orientações políticas e propostas políticas", disse.
Para Santos Silva, "quem derrapa para ataques pessoais apenas tenta esconder a vacuidade das suas propostas políticas e a falta de argumentos políticos".
Luís Filipe Menezes afirmou domingo, no encerramento do congresso do PSD/Madeira, referindo-se a si próprio, que o PSD tem hoje "um líder nacional carregado de defeitos".
"Tem o defeito de se ter licenciado em Medicina muito cedo, fazendo os exames todos, na altura própria, numa universidade do Estado. Tem o defeito de nunca ter assinado receitas de nenhum colega", acrescentou.
Por sua vez, o presidente do PSD/Madeira, Alberto João Jardim, referiu-se ao primeiro-ministro como "aquele engenheiro que fez aquelas casas com uns azulejos horríveis".
"Não sabem quem fez, com aqueles azulejos horríveis? É muito complicado, não era engenheiro, era engenheiro, mas antes de ser engenheiro desenhava, mas desenhava azulejos, olhe, uma grande baralhada, é como o país", declarou Jardim.
O primeiro-ministro, José Sócrates, enfrentou no ano passado uma polémica em torno do seu percurso académico e do uso do título de engenheiro, desencadeada por uma investigação do jornal Público.
Este ano, Sócrates viu-se confrontado com uma notícia do Público segundo a qual assinou projectos de engenharia que não eram seus durante a década de 80, que desmentiu acusando o jornal de "um ataque pessoal e político".
Conhecida a notícia sobre os projectos assinados por Sócrates na década de 80, Luís Filipe Menezes assegurou que durante a sua liderança o PSD "não fará, sem fundamentação sustentada, uma política de ataques de personalidade e de carácter" ao primeiro-ministro.
Por outro lado, Augusto Santos Silva disse hoje que o presidente do PSD não teve "nenhuma relutância ou resistência à sua participação num congresso que decorreu à porta fechada [excepto na abertura e no encerramento]", depois de na sexta-feira o seu partido ter interpelado o Governo sobre a qualidade da democracia, afirmando-se como "paladino da liberdade de imprensa" .
"E esse congresso decorreu à porta fechada porque o presidente do PSD/Madeira [Alberto João Jardim] diz não ter confiança no relato objectivo e verdadeiro de alguns empregados da comunicação social", disse.
De acordo com Augusto Santos Silva, no domingo, o PSD "demonstrou uma vez mais que é um partido troca-tintas e do ziguezague, porque não tem uma única proposta que se mantenha coerente ao longo do tempo".
O membro do Secretariado Nacional do PS citou depois a defesa que o líder social-democrata fez de "uma autonomia sem limites para as regiões autónomas".
"Ora, o PSD nacional não consegue explicar, que, estando realizada a revisão constitucional de 2004 - que aprofundou as autonomias regionais -, a Assembleia Legislativa Regional da Madeira (cuja maioria é do PSD) ainda não tenha feito a correspondente revisão do estatuto político-administrativo", apontou.
Augusto Santos Silva afirmou ainda que o PSD de Luís Filipe Menezes "também não consegue explicar" a razão de ter uma proposta diferente de autonomia para os Açores - recentemente aprovada pelos sociais-democratas na Assembleia da República - e "outra completamente diferente para a Região Autónoma da Madeira.
PMF/IEL.
Lusa/fim
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