CENSURA AO PS NO TELEJORNAL DA RTP-MADEIRA

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social acaba de divulgar a sua análise ao "Pluralismo Político-Partidário", no período compreendido entre 1 de Setembro a 31 de Outubro de 2007 à RTP nos seus diferentes canais.

No que ao Telejornal da RTP Madeira diz respeito, verifica-se uma percentagem inferior em 0,79% entre o valor observado (50%) e o valor de referência (50,79%) no que diz respeito ao Governo Regional e PSD em conjunto. Quanto aos Partidos da Oposição, essa discrepância é de 1,21%, em sentido contrário, neste caso (49,21 e 48%, respectivamente).

A análise desses resultados vem demonstrar claramente o seguinte:

1. O tão propalado desequilíbrio entre o tempo atribuído ao Governo e ao partido que o sustenta, por um lado, e o tempo atribuído à oposição, por outro, cifra-se nuns “astronómicos” 1,58%.

A operação conjunta montada pela RTP-Madeira e outros sectores da Comunicação Social (nomeadamente o Diário de Notícias), subordinada à ideia propagandística “A RTP-Madeira beneficia a Oposição” tem alicerces muito fracos.

2. A essa operação prestou-se, voluntariamente, e com eventuais contributos, o Director da RTP-Madeira, o Senhor Leonel de Freitas. Não pode ser esquecido o facto de o pretenso desequilíbrio ter constituído uma peça jornalística de divulgação simultânea com a audiência parlamentar ao Senhor Director da RTP-Madeira.

3. Fica também claro que as declarações prestadas por essa entidade na audição parlamentar se basearam na manipulação grosseira dos dados, sobretudo através da empolação que os números agora revelados não legitimam.

4. Essa atitude do Director da RTP-Madeira representa um claro desrespeito pelo Parlamento e pelos cidadãos eleitores da Região Autónoma da Madeira, tratando-os, ao parlamento e aos cidadãos, como entes menores ou mentecaptos que se deixam manipular por um reles prestidigitador das artes da palavra dita e não confirmada pela realidade nua e crua dos números.

5. Se quaisquer dúvidas ainda subsistissem quanto a isso, veja-se os dados no que ao Partido Socialista respeitam.

6. Na verdade, os valores de referência em tempo atribuído pela ERC ao PS-Madeira situam-se nos 22,02 por cento e o valor observado pela mesma entidade é de 15,92, uma discrepância claramente desfavorável ao PS-M, note-se que esse desequilíbrio é ainda mais gritante se tivermos em linha de conta que o PS-M é sub-representado em relação ao conjunto dos restantes partidos, nos valores observados em relação aos valores de referência.

7. Convém lembrar que:

7.1. O período em análise é o tempo político da divulgação do “dossier corrupção” por parte do PS-M, com grande impacto na Comunicação Social nacional e a que a RTP-Madeira não pôde fugir.

7.2. Note-se que este estudo não se detém sobre outros dados de igual ou maior importância como a “audiência média” dos segmentos emitidos” e o alinhamento da notícia nos telejornais, que envolve questões importantes como o impacto da mesma notícia ou o “share” de audiência, que vão decrescendo com o decorrer de qualquer programa. E nisso, a observação pragmática dos telejornais da RTP-Madeira revela o favorecimento claro do PSD-Madeira e do seu Governo.

8. O período de análise é muito “conveniente” à RTP-Madeira e à sua política de governamentalização da informação, política, aliás, que não subscrevemos, beneficie a mesma que quem quer seja.

Por isso mesmo, o PS-M envidará esforços para que um estudo idêntico seja levado a cabo no período compreendido entre a marcação das eleições legislativas regionais antecipadas e a sua realização, onde se provará efectivamente que o acto eleitoral foi claramente manipulado, do ponto de vista jornalístico, pela RTP-Madeira, distorcendo escandalosamente as condições de uma disputa democrática que exige pluralidade de informação.

9. Finalmente, mesmo os dados fornecidos pelo período analisado pela ERC mostram e o estudo a efectuar do período eleitoral evidenciará que há uma clara censura da actividade política do PS, pois que o conceito de censura integra também, numa sociedade plural, a dimensão do “não-dito”, o “não-divulgado”, que, em si mesmo, prefiguram uma forma de “nova censura” do audiovisual.
10. Assim se conclui que, a RTP-Madeira, não cumpre o conceito de Serviço Público que lhe está constitucionalmente atribuído.

Comentários

Este texto devia vir nos jornais da Madeira para toda a gente ver!

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