JORNAL DA MADEIRA-DELIBERAÇÃO DA ERC a) A observância de práticas não discriminatórias na distribuição, pelos diferentes órgãos de comunicação social, do investimento publicitário oriundo da Região Autónoma, medidas essas que se deverão pautar por critérios de equidade, de proporção e de transparência, em defesa do Governo Regional -,está a pôr em risco objectivo e grave a preservação de um quadro pluralistano subsector da imprensa diária; Instar o Governo Regional da Madeira a adoptar, no imediato, as providências necessárias e adequadas à supressão dos efeitos nefastos que a sua actuação tem produzido no subsector da imprensa diária da região tendo especialmente em vista: pluralismo político, económico e outros; b) A sujeição das suas intervenções na gestão da Empresa do Jornal da Madeira, enquanto seu sócio maioritário, aos princípios da transparência e proporcionalidade; c) A salvaguarda do pluralismo interno e da independência perante os poderes públicos, no que toca à orientação
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Dá muito que pensar....
Paulo Gomes
Dossier
Data: 12-04-2008
É por vezes interessante ver o Dossier de Imprensa, um programa da RTP-M que passa à quinta-feira. Com quatro jornalistas e o moderador da RTP, estes discutem e opinam sobre alguns assuntos da semana ou da quinzena. Como não poderia deixar de ser, o mau tempo, o congresso do PSD e os trabalhos na Assembleia foram destaques no programa de ontem.
Presumivelmente, estão representadas as publicações mais importantes da nossa Comunicação Social. Os jornalistas defendem os pontos de vista, as notícias publicadas e os factos ocorridos. Pelo menos, pensar-se-ia assim para todo o painel. Mas quando chega a vez do jornalista Marsílio, do Jornal da Madeira, o telespectador pensa que está na presença de algum membro do Governo Regional ou, salvo outra interpretação, algum assessor de imprensa do Executivo. Ele defende com unhas e dentes tudo o que é laranja, tudo o que é Governo, tudo o que é PSD. Às vezes fala como se fizesse parte do "aparelho" governativo, governo ou autarquia. É, sem dúvida, o elo mais fraco do painel do programa. Sem dúvida que tem uma posição ingrata, ainda mais ingrata do que a posição dos jornalistas do JM que não vão ao programa.
E o ridículo de ontem, ao considerar ridícula a proposta do PND para a estátua de Jardim, demonstra o poder de encaixe nulo que este comentador tem. Talvez só ele não perceba a ironia da proposta ou, por milagre que a própria razão desconhece, não conseguiu compará-la com a verificação do estado de saúde mental que o PSD pediu para um deputado. Engraçado que, à semelhança de outros colegas de programa, não conseguiu ver o ridículo da emergência do elogio a Jardim nem o ridículo em que cai uma Assembleia quando lá se passam coisas destas. Uma casa onde, essencialmente, há que ter um bom guarda-roupa.
O deputado que quer ver Jardim em estátua
LÍLIA BERNARDES, Funchal
Projecto já estava anunciado. Agora também há desenho
Deu nas vistas na última campanha eleitoral da Madeira com a sua campanha jocosa visando o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim - e conseguiu ser eleito deputado para o Parlamento do Funchal. Agora volta a saltar para a ribalta com uma proposta - igualmente jocosa - de construção de uma estátua ao líder madeirense, que ocupa há três décadas o poder. E junta-lhe um esclarecedor desenho, da autoria do seu amigo Eduardo Welch, que o DN revela agora, em primeira mão.
Baltasar de Carvalho Machado Gonçalves de Aguiar nasceu a 22 de Maio de 1964. Casado, pai de duas meninas e com um terceiro filho a caminho, leva os seus quase 44 anos de uma forma meio anarca. Reconhece que nunca se sentiu próximo da democracia- -cristã, embora por lá tivesse passado. Adora divertir-se. Rir. Jogar com as palavras conhecendo--lhes os efeitos. O nome é longo e marca uma das famílias mais conhecidas do Funchal. O pai, Baltasar Gonçalves, advogado, foi o fundador do CDS na Madeira e deputado no primeiro parlamento regional. É cunhado de Manuel Monteiro mas ganhou identidade própria. Inteligente e repentino, não consegue esconder a rebeldia da adolescência que ainda lhe define os traços.
Eleito nas eleições antecipadas de 6 de Maio de 2007, em que se apresentou aos eleitores com o slogan "Vamos podar o Jardim", é deputado único do Partido da Nova Democracia. Trouxe a novidade ao fazer-se acompanhar na campanha por um actor que interpretou a personagem "Manuel do Bexiga". Inesquecível.
E não poupa críticas ao presidente do Governo Regional. "O português gosta de sentir um líder que mantém a ordem em todas as partes do território nacional. Sócrates, com esta atitude, capitaliza imensos votos, dando uma imagem de Estado e de absoluta intransigência nacional para os disparates regionais. E Jardim também. Em Lisboa diz-se: "Temos um homem que defende todas as parcelas do ex-império". Na Madeira diz-se: "Temos um homem que se impõe e não se verga ao Continente." Eis a relação perfeita sob o ponto de vista político. E isto irrita-me porque o problema social na Madeira agrava-se de dia para dia", afirma ao DN.
Da lista retira, para exemplo, "os 80 mil pobres, o escandaloso insucesso escolar." E conclui: para os governantes de Lisboa, "Alberto João Jardim is our guy in Madeira Viu-se agora com Jaime Gama e ver--se-á para a semana com o Presidente da República".
Quanto ao futuro mais longínquo, Baltasar Aguiar considera que a ilha acabará por resistir à crise. Nem o desemprego galopante terá efeitos porque "subemprego sempre houve na Madeira e os madeirenses sempre sobreviveram com muito pouco. Não será a crise económica que irá alterar os resultados eleitorais na região", conclui.
O deputado da Nova Democracia assegura que só recorre ao registo humorístico quando sabe de antemão que "isso pode servir como arma política". Tem-lhe acontecido com frequência no parlamento regional. Recentemente, defendeu no hemiciclo do Funchal que a Assembleia desse conhecimento às Nações Unidas do voto de congratulação do PSD/Madeira pelos 30 anos de mandato de Jardim. Motivo? "O ridículo mata. A proposta do PSD/M é um disparate. Bastava homenagear o presidente do Governo sem o recurso a prosa digna da China Popular. Ao dizer-se que "a minoria ainda não interiorizou quanto erradas são as suas políticas" até parece que nos querem enviar para um campo de reeducação."
A proposta de construção de uma estátua de Jardim "com cerca de 50 metros de altura" à entrada do porto do Funchal insere-se nesta lógica de fazer oposição. A resolução entregue na Assembleia Legislativa da Madeira prevê que a estátua "seja concebida de forma a possuir uma escada interior que permita aos visitantes a subida até à altura da cabeça dessa obra de arte, de onde poderão observar a baía e a mui nobre cidade do Funchal, através dos olhos do seu amado líder". E "que na base do pedestal sejam colocadas pequenas rodas em aço, como nos antigos moinhos da ilha do Porto Santo, ligadas por correias transmissoras a um mecanismo propulsor interno, que permita que a estátua acompanhe o movimento do sol, como fazem os girassóis".
Com ele, a oposição parlamentar reanimou. E, embora alguns se irritem, até por vezes consegue despertar sorrisos na bancada do PSD.