DISCURSO DO VICE-PRESIDENTE DO GRUPO PARLAMENTAR DO PS, JAIME LEANDRO, NA ALRAM

“Alberto João Jardim volta hoje a aparecer em público depois de uma ausência de quase duas semanas”

Este foi um título recente de um diário, não gratuito, da nossa praça e na verdade esta tem sido uma constante do Presidente do Governo saído das eleições de Maio de 2007.

Um governo que, não só, prima pela ausência como pela inércia. Se quando o Presidente do Governo não está nada acontece quando ele está acontece o mesmo, ou seja, nada.

Estamos na presença de um governo que boceja à sombra da bananeira, que procura sistematicamente a desculpa fácil para os seus desaires na linha da tese do inimigo externo.

Aqui na Madeira nada acontece porque o Primeiro Ministro não deixa, porque montou uma cabala que visa, na “cabeça” do PSD, a eliminação do povo superior.

É o engº José Sócrates que passa a vida a falar da eterna novela da sucessão do Dr. Jardim, que lança para os jornais locais os nomes dos delfins, de cá e de Bruxelas, é o engº José Sócrates que pede ao Prof. Marcelo para lançar balões de ensaio para o delfinato nas suas escolhas dominicais, enquanto, por cá, o Governo trabalha de sol a sol para resolver os problemas que criou nos últimos 30 anos.

Ainda que assim fosse, outros tantos mandatos não chegariam. Contudo o PSD está demasiado anestesiado para constituir, hoje, uma alternativa a si próprio como se comprometeu nas últimas eleições. As palavras do PSD leva-as o vento, uma vez ganhas as eleições nada de novo se vê.
Nem uma única reforma, uma ideia nova, uma estratégia, um caminho para um futuro próspero e de esperança para os Madeirenses e portossantenses .

Vemos sim, a crítica sistemática, doentia e perversa, que na maior parte das vezes não passa de uma desculpa de mau pagador, numa lógica de divertir e distrair o povo dos seus reais problemas.

Falam da revisão da Constituição, como se essa fosse a panaceia para todos os problemas dos madeirenses, como se os madeirenses pagassem as contas do supermercado com uma página da Constituição, dizem, ser necessário reequacionar o papel da Região no seio da pátria portuguesa, dizem que se vão queixar de tudo e, por isso, de si próprios à União Europeia, só ainda não apelaram ao Papa, mas lá chagaremos.

O Governo está à deriva, entre a sua incapacidade para lidar com a realidade da Madeira contemporânea mas que enferma no problema de sempre: a excessiva dependência externa, seja ela da República, ou da UE. do facto de não sabermos transformar as dificuldades em oportunidades, de continuamos de mão estendida perante o país e perante a união ao mesmo tempo que queremos dar a imagem de uma região desenvolvida e rica que alguns indicadores económicos permitem constatar mas que a realidade desmente.

O Governo não tem qualquer pejo em se gabar que somos a segunda região mais rica do país, o Presidente do Governo, na ânsia de demostrar trabalho, afirma nas instancias europeias que foi ele quem tirou a Madeira do objectivo 1, olvidando, que com isso, desviou da Região mais de 500 milhões de Euros. Este é o preço que os madeirenses pagam para que o Dr. Alberto João Jardim se possa gabar.

Se, por um lado, essa perda é uma consequência do desenvolvimento e da riqueza, ainda que fictícios, mas que pressupõem uma convergência com a Europa, essa mesma convergência não é admitida no plano interno como se fosse possível, neste caso, convergir com a Europa sem convergir com o país.

A solidariedade implícita, para com outras regiões mais pobres da Europa, de que é prova o silêncio cúmplice face à perda dos tais 500 milhões de Euros, não encontra correspondência no plano interno como se alguém entendesse que uma das regiões, dita, mais ricas do país deva receber aquilo que outras mais pobres e não tão desenvolvidas precisam, tal como nós já precisámos.

Para a União Europeia somos ricos, para o país somos pobres, mas falamos de barriga cheia e queremos que nos levem a sério. Aquilo que o Governo reclama para si é o mesmo que quer que o país negue aos outros.

A Madeira tem tido, ainda assim, recursos que têm permitido o seu desenvolvimento e se esse desenvolvimento não é maior todos sabemos porquê. Porque os sucessivos orçamentos têm sido delapidados sem apelo nem agravo.

A Região está hoje infra-estruturada, mas que benefícios económicos colhem as populações disso, em que é que isso tornou a região mais competitiva no plano externo, que investimento captámos, que diversificação económica daí resultou.

Em vez de dar resposta a estas questões centrais, alguns dos novos ricos da madeira nova anunciam a ruptura com Lisboa enquanto outros dizem”... que quem quer ter ilhas tem de as pagar...” mas isto é a negação da auto suficiência económica que o PSD propala, para distrair, ou não será? mas essas mesmas pessoas também dizem que não precisamos da República para nada. Em que é que ficamos? Somos pobres, ricos ou remediados? Precisamos dos outros ou vivemos bem sozinhos?

Enquanto isso a crise que não nos atingiria, diziam alguns, afinal, veio para ficar. Só no primeiro semestre deste ano faliram mais empresas do que durante todo o ano de 2007, o desemprego está ao nível dos anos 70, a pobreza é uma realidade incontroversa, a criminalidade está a aumentar e pasme-se o Dr. Jardim diz que a culpa é do Sócrates.

Que medidas tem o Governo para inverter esta tendência? ninguém sabe. Mas sabe-se que o Dr. Jardim nos seus passeios às câmaras, com os secretários atrás, vai anunciando o “deslizamento” dos investimentos, que segundo o próprio não são adiamentos. Caso para perguntar então o que são?

Este filme não foi já visto? Já! Idêntico périplo, em 2006, culminou com a demissão do Presidente do Governo no início de 2007. Nessa altura o Dr. Jardim disse aos madeirenses que precisava de mais tempo para executar o Programa de Governo de 2004, porque as regras haviam sido alteradas a meio da legislatura, e agora qual é a desculpa? Quase que a adivinho, mas o resultado do que então afirmou redundou numa grande mentira.

Mentiu aos madeirenses. Enganou os madeirenses, não tem soluções, nem o problema dos mosquitos é capaz de resolver e ainda manda um Secretário vir dizer que a culpa é do Tribunal de Contas, claro está, caso para dizer que a culpa é do mosquito.

Por cá anunciou-se também uma viagem à capital para reclamar do costume, da falta de dinheiro, querem identificar os responsáveis por tamanha malvadez, nós também, mas têm de ser todos, repito todos os que tem prejudicado financeiramente a Madeira e que aos madeirenses deve ser contada toda a verdade.

Receio que depois disso o Governo terá de voltar a demitir-se, porque de governar já desistiu há muito tempo.

Tenho dito.

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