Há crise mas não há governo

artigo de opinião
Ao longo de mais de trinta anos, o PSD-Madeira fez da Autonomia o mesmo que fazem todos os regimes de natureza absoluta: criou à volta dela um inimigo externo e esqueceu-se de resolver muitos dos graves problemas internos que afligem as famílias madeirenses. Pediu mais e mais competências constitucionais mas não teve o engenho e a arte de resolver os problemas concretos das pessoas.
O PSD-Madeira hipotecou o nosso futuro colectivo, alienou a oportunidade histórica de criar as bases seguras do nosso desenvolvimento e serviu-se do poder que teve ao seu dispor para retirar direitos sociais aos madeirenses. Criou na Madeira uma autonomia menor, que nos envergonha no quadro nacional e europeu. Os Madeirenses não podem aceitar esta “autonomia de segunda” que o PSD-Madeira nos quer impor e devem rejeitá-la.
Se fizermos uma simples comparação entre a Madeira e os Açores, existe hoje uma Autonomia diferenciada, em que os Açores, apesar de terem menos recursos financeiros, têm uma melhor política para as suas populações. Ao contrário da Madeira, os Açorianos têm combustíveis muito mais baratos. Têm transportes terrestres, marítimos e aéreos muito mais baratos. Os bens à venda ao consumidor são mais baratos que na Madeira. Os jovens têm mais apoios nos estudos, livros gratuitos, complemento de abono de 12 euros, etc. Os idosos têm um complemento de pensão de 65 euros e 50% do valor dos medicamentos são pagos pelo governo. Os cidadãos pagam menos IRS e as empresas menos IRC. Os funcionários públicos viram o seu tempo de serviço descongelado entre 2004 e 2008 (tempo esse que contou para progressão na carreira) e receberam retroactivos. Os professores tiveram um estatuto da carreira distinto do nacional e do da Madeira. O Ordenado Mínimo nos Açores tem um acréscimo de 5% e o subsídio de insularidade é de 5%. Enfim, o Governo do PS- Açores coloca a Autonomia ao serviço dos Açorianos, mesmo com um orçamento menor que o orçamento da Madeira.
Temos assim uma Madeira adiada na resolução dos seus problemas e um governo que foge às suas responsabilidades e que se deixou enredar pelo discurso fantasista que criou - não há crise - mas os madeirenses vivem a crise todos os dias. Mesmo perante a crise, o Governo PSD não governa – passou mais de um ano depois das últimas eleições e este governo teima em não governar. Barricou-se dentro da sua maioria e ignorou a Madeira. Colocou-se nas trincheiras do imobilismo e da resignação.
Nas últimas eleições pediram mais tempo, os Madeirenses concederam-no. Passado mais de um ano, eis-nos aqui chegados: o Governo PSD e a sua maioria irresponsável desbaratou o crédito de tempo que o eleitorado concedeu para brincar aos congressos, aos delfins que alinham e se desalinham, ao faz que se candidata mas ninguém o puxa para Lisboa, ou seja, usou e abusou da maioria concedida e do tempo ganho para nada fazer.
É caso para perguntar quem vai resolver o problema do desemprego, da falência das empresas, do alto custo de vida e do baixo poder de compra, da pobreza, da toxicodependência, da sangria de jovens que saem para as terras de emigração, por falta de emprego e devido aos baixos salários na Madeira.
Este Governo do PSD-Madeira já deu o que tinha a dar. Neste momento é um entrave ao desenvolvimento da Madeira. Só o PS poderá trazer esperança aos Madeirenses e lançar os alicerces para a Madeira do Futuro - uma terra que aposte na Educação e na Sociedade do Conhecimento, que combata a pobreza, que aposte no emprego, que faça bom investimento público e combata o desperdício; que aposte na iniciativa privada dos cidadãos e que lance um novo modelo de desenvolvimento económico e social à altura dos desafios da próxima década, sem nunca perder de vista o nosso objectivo: dar melhores condições de vida a todos, preparando os desafios do futuro e fazendo da Madeira uma terra de progresso e desenvolvimento, com bem-estar e qualidade de vida para todos.
Presidente do Grupo Parlamentar do PS
Victor Freitas

Comentários

Concordo plenamente com o que escreveste... Eu há uns anos pensei... Fico em Lisboa e ganho um bom salário ou vou pra Madeira ganhar metade mas salvar o património que os meus pais se lixaram a construir toda uma vida? Optei pela segunda, vim pra Madeira, remar contra a maré para não deixar que uma dúzia de mamões alaranjados continuem a desgraçar esta terra e a desvalorizar o património não só da minha família mas de toda a gente e das gerações vindouras porque estão-nos a hipotecar até as cuecas com tantas dívidas à banca que são investimentos sem retorno!!!!

Pelo sim, pelo não, vou renovar todos os meus documentos da Venezuela, a minha terra natal, pois no andar da carruagem, um dia destes até a Venezuela vai estar melhor do que isto aqui!!!!

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